sábado, 20 de abril de 2019

O efeito Lúcifer: quando boas pessoas tornam-se ruins



Todos nós podemos nos tornar torturadores. É o que afirma o prestigioso pesquisador e psicólogo Phillip Zimbardo. Tudo depende de ocorrerem ou não as condições necessárias para que boas pessoas se tornem más. Este fenômeno é conhecido como o Efeito Lúcifer.

Explicando melhor, a afirmação de Zimbardo se baseia no fato de que todos nós temos uma parte boa e uma parte má. A parte que mais destacamos dependerá de uma determinada situação concreta favorecer uma ou outra versão de nós mesmos. 

Devemos eliminar a ideia de que “a maldade” é algo fora do normal e que, inclusive, é patológica. Somos um todo e ninguém é totalmente bom ou totalmente ruim, mas sim uma escala de cinza na qual, às vezes, predomina mais o branco e outras o preto.



A capacidade infinita da mente humana pode transformar qualquer um de nós em amáveis ou cruéis, compassivos ou egoístas, criativos ou destrutivos, e fazer com que cheguemos a ser vilões e com que outros sejam heróis.”
– Phillip Zimbardo-


A experiência que deu forma ao efeito Lúcifer

É interessante trazer ao conhecimento a afirmação do papa João Paulo II sobre o Céu e o Inferno. De acordo com o que ele disse, Céu e Inferno estão dentro de nós e, é por isso que não podemos escapar deles. Não é necessário que sejamos católicos para compreender esta afirmação, pois ela simplesmente está aí para que examinemos a realidade de que nem sempre tivemos bons comportamentos para com os demais.

Darth Vader era o pior monstro do mundo até que pudemos perceber que ele, na verdade, era um ser humano normal que se deixou levar por suas emoções e suas ambições, transformando-se em um vilão onde seu lado escuro reinava. (Um detalhe adicional: a metáfora de Star Wars é ótima para explicar às crianças os conceitos de bem e mal.)

Voltando à descrição do experimento que deu origem ao conceito de “efeito Lúcifer”… Era o ano de 1971 quando Phillip Zimbardo e sua equipe decidiram colocar o experimento em prática, numa prisão de uma área habitada da Universidade de Stanford.

Os voluntários que trabalharam na recreação da prisão foram previamente examinados para comprovar sua estabilidade psicológica, física e emocional. Aparentemente, todos eram jovens universitários saudáveis, com vontade de fazer parte de um estudo tão singular e com consciência do que isso significava.

Cada um deles recebeu o papel de prisioneiro ou guarda da prisão por meio de um sorteio, em uma prática que deveria durar até duas semanas. No entanto, o experimento precisou ser cancelado no sexto dia, por conta de tudo o que estava acontecendo no sótão da tal prisão.

O experimento se tornou muito real: os prisioneiros se transformaram rapidamente em pessoas submissas e depressivas, e com a mesma rapidez os guardas se transformaram em pessoas sádicas, abusadoras e cruéis.

Estas pessoas incorporaram tanto seu papel que adotaram comportamentos dominantes e autoritários para com seus companheiros. Eles não tinham sido instruídos a nada, simplesmente lhes foi dito que agissem de acordo com “guardas” ou “prisioneiros”. Mas o efeito Lúcifer se apoderou deles…

Assim como o livro que leva o título homônimo, o efeito Lúcifer ocorre como consequência de situações que favorecem o poder social, pois estas facilitam a condução ao caminho do mal.

A maioria de nós sucumbiríamos ao lado escuro se nos ocorressem as condições que favorecem tal comportamento. Dessa forma, nossa identidade é tirada de nós e nos pressiona, de alguma forma, a exercer violência e opressão.


O experimento de Stanford levado à telona

A indústria cinematográfica quis levar este impactante estudo ao cinema, produzindo o filme “A Experiência”.

Não restam dúvidas de que o ser humano guarda, em si mesmo, a mais imensa bondade e a mais aterrorizante e sinistra maldade. Isso é algo que estamos cansados de ver diariamente em nossas vidas. Sem ir muito longe, podemos ver isso diariamente nos jornais da TV.

No entanto, somente uma pessoa boa pode evitar que a maldade penetre em seu interior e, assim, reconduzir seu caminho. Porque nos tornando conscientes disso, é possível mudar e até mesmo controlar o efeito Lúcifer…

sexta-feira, 12 de abril de 2019

Filho biológico de ‘três pessoas’ nasce na Grécia



Uma mulher de 32 anos deu à luz na terça-feira, na Grécia, um bebê gerado com material genético de três pessoas.
A técnica experimental de fertilização in vitro foi usada como uma alternativa para solucionar o problema de infertilidade da mãe.
De acordo com os médicos, a mãe e a criança, que nasceu pesando 2,9 kg, passam bem.
O surpreendente caso dos gêmeos que têm pais diferentes
A mulher com dois úteros que deu à luz gêmeos um mês após ter tido outro bebê
Os médicos acreditam que estão "fazendo história na medicina" e que o tratamento poderia ajudar casais com problemas de fertilidade em todo o mundo.
Mas alguns especialistas no Reino Unido afirmam que o procedimento levanta questões éticas e não deveria ter ocorrido.
A técnica experimental utiliza um óvulo da mãe e o esperma do pai, além do óvulo de uma doadora.
E foi desenvolvida inicialmente para ajudar famílias afetadas por doenças mitocondriais fatais, transmitidas da mãe para o bebê.
O tratamento foi testado apenas uma vez com esta finalidade - no caso de uma mulher jordaniana portadora do gene da síndrome de Leigh, em 2016 - e provocou muita polêmica.
Mas alguns médicos especializados em fertilidade acreditam que a tecnologia também pode aumentar as chances de sucesso da fertilização in vitro.
Isso é tudo se deve às mitocôndrias - estruturas minúsculas presentes em praticamente todas as células do corpo humano, responsáveis por converter alimento em energia.
As doenças mitocondriais são distúrbios causados pela disfunção das mitocôndrias. Portanto, combinar o DNA da mãe com a mitocôndria de uma doadora saudável poderia prevenir a doença.
Em geral, a técnica repara a mitocôndria no óvulo materno antes de fertilizá-lo em laboratório com espermatozoide do pai.
Em paralelo, há especulações de que as mitocôndrias podem influenciar uma gravidez bem-sucedida. Mas essa teoria não foi testada.
A mulher que deu à luz nesta semana na Grécia havia passado sem sucesso por quatro ciclos de fertilização in vitro.
Ela agora é mãe, mas uma pequena parte da composição genética do seu filho é da doadora, uma vez que as mitocôndrias possuem DNA próprio.

A estrutura da célula

Núcleo: onde a maior parte do nosso DNA se concentra - determina nossa aparência e personalidade.
Mitocôndrias: muitas vezes descritas como as "usinas de energia" da célula, elas produzem a energia que a célula necessita para exercer suas funções.
Citoplasma: substância gelatinosa que contém o núcleo e as mitocôndrias.

O procedimento experimental foi realizado por especialistas em fertilidade na Grécia e na Espanha.
"O direito inalienável de uma mulher se tornar mãe com seu próprio material genético se tornou realidade", afirmou Panagiotis Psathas, presidente do Institute of Life, em Atenas.
"Estamos muito orgulhosos em anunciar uma inovação internacional em reprodução assistida, e estamos em condição agora de tornar possível para mulheres com múltiplas tentativas fracassadas de fertilização in vitro ou doenças genéticas mitocondriais raras ter uma criança saudável."
O centro espanhol Embryotools, que trabalhou em parceria com a equipe grega, anunciou que outras 24 mulheres estão participando do experimento e que oito embriões estão prontos para serem implantados.
Em fevereiro de 2018, médicos de Newcastle, que foram pioneiros nesta tecnologia, receberam autorização para gerar os primeiros bebês de "três pessoas" do Reino Unido.
O órgão regulador de fertilidade no país aprovou duas tentativas, ambas em famílias com doenças mitocondriais raras.
Alguns especialistas argumentam que as duas aplicações - fertilidade e prevenção de doenças - são moralmente muito diferentes.
"Estou preocupado que não haja necessidade comprovada de que uma mulher tenha material genético removido de seus óvulos e transferido para os óvulos de uma doadora", disse Tim Child, da Universidade de Oxford e diretor médico da organização The Fertility Partnership.
"Os riscos da técnica não são totalmente conhecidos, embora possam ser considerados aceitáveis ​​se usados ​​para tratar doenças mitocondriais, mas não nesta situação."
"A paciente poderia ter concebido mesmo que outro ciclo padrão de fertilização in vitro tivesse que ser usado", avalia.

Abelhas são capazes de fazer contas de adição e subtração

Tamanho não é documento, nem mesmo para o cérebro. A máxima acaba de ser confirmada (mais uma vez) em um estudo que comprovou que as abelhas têm uma inteligência que não imaginávamos. Após mostrarem que os insetos são capazes de compreender o conceito por trás do número zero, pesquisadores australianos e franceses foram além. Evidenciaram que as abelhas também são exímias fazedoras de contas, realizando operações matemáticas básicas como adição e subtração.
Os resultados foram publicados nesta quarta-feira (6) no periódico Science Advances. Liderado por cientistas do Instituto Real de Tecnologia de Melbourne (RMIT), na Austrália, o estudo demonstrou que as abelhas podem ser ensinadas a reconhecer cores como elementos simbólicos para resolver problemas aritméticos. A descoberta é um indício de que a cognição numérica avançada pode ser mais comum do que se pensava na natureza.
Como aprendemos a somar e subtrair muito cedo em nossa trajetória escolar, podemos cair no engano de pensar que se tratam de operações cognitivas simples. Mas não são: para dominar essa habilidade, é preciso guardar na memória de longo prazo as regras básicas por trás do ato de somar e de subtrair, além de lidar com um conjunto de números específicos na memória de curto prazo. O processo envolve duas camadas de raciocínio.
Os pesquisadores utilizaram um método muito interessante para treinar as abelhas que participaram do estudo. Elas foram induzidas a visitar um labirinto em forma de Y, onde recebiam uma solução doce, com açúcar, ou uma amarga, com quinino, a depender da escolha que fizessem. Na entrada do labirinto, os insetos se deparavam com um conjunto de elementos, que tinham até cinco formas distintas. Se fossem da cor azul, as abelhas deveriam somar, e se fossem amarelos, elas precisavam subtrair.
Então, como em um programa de TV, as produtoras de mel viam-se em uma bifurcação, em que apenas um dos lados tinha a resposta certa para o problema. Os pesquisadores alteravam randomicamente a porta correta, para que os animais não agissem de maneira enviesada. No início, as abelhas meio que chutavam qualquer lado, de forma aleatória. Mas, com o tempo, demonstraram uma fascinante capacidade de aprendizado.
Depois de 100 testes com duração de quatro a sete horas, os bichinhos entenderam que o azul significava +1, e o amarelo queria dizer -1. Conseguiram aplicar as regras a quaisquer números que lhes eram apresentados. “Nossos achados mostram que o entendimento de símbolos matemáticos complexos como uma linguagem é algo que muitos cérebros podem alcançar, e ajuda a explicar como muitas culturas humanas desenvolveram, independentemente habilidades de cálculo”, disse Scarlett Howard, líder do experimento.