quarta-feira, 6 de março de 2019

LENDAS E CAUSOS DA QUARESMA IV - O PESCADOR TEIMOSO

Nos tempos antigos, para muitos católicos praticantes, a Sexta-feira Santa era realmente Santa. Era um dia dedicado ao Jejum, à oração, ao arrependimento, ao perdão, ao reencontro de familiares e também de muita fartura.

Na Sexta-Feira Santa! Ai de quem falasse alto, varresse casa, penteasse o cabelo, fizesse amor, batesse ou brigasse com alguém, quebrasse o jejum, ou fizesse esforço físico.

Pescar, nem pensar! Porém, um certo pescador no município de Raposa, reclamando para seus colegas que estava sem dinheiro para tomar umas cervejas no sábado de aleluia, e até mesmo para comprar uma roupa nova para vestir no dia de festa após a quaresma, convidou-lhes para fazer uma pescaria. Os mesmos relutaram por ser sexta-feira santa.

Mas, depois de muita insistência, e para ajudarem o amigo que estava em péssima situação financeira, resolveram acompanha-lo na pescaria de espinhel em uma canoa biana.

Muito feliz com o apoio dos amigos, comprou logo uma garrafa de pinga fiado, e depois de uns goles, gritou aos amigos que hoje eles fariam uma pescaria das boas. Porém, quando eles saíram para pescar, ao se aproximarem da saída da barra rumo ao pesqueiro, aparece ao pescador uma mão aberta fora da água, que somente ele conseguia ver. Como esse pescador era gago e moreno, mesmo pálido e ofegante, tinha muita dificuldade em expressar seu medo diante do que via, e explicar para os companheiros o que estava acontecendo. Ele jurava de pé juntos, que estava enxergando uma mão que acenava para ele, e que essa mão ficava fora dá água. Mas, ninguém conseguia ver a tal mão, e nem entender o que se passava.

Depois de muito suspense e após desistirem da pescaria, retornam para o porto de onde embarcaram, e a mão que aparecia para o pescador gago desaparece assim que os mesmos retornam. Em terra, ele conta para várias pessoas o acontecido, prometendo que jamais sairia para pescar em uma sexta-feira santa. Anos depois, esse pescador mudou de profissão e se tornou agricultor.

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