terça-feira, 7 de março de 2023

SEALAND: O PAÍS FLUTUANTE DO NORTE

 


          Principado de Sealand, mais comumente conhecido como Sealand é uma micronação e entidade não reconhecida pela ONU, localizada no Mar do Norte a 10 km da costa de Suffolk, do sudeste da Inglaterra (51°53'40"N, 1°28'57"E). O território resume-se a uma grande base naval construída pelo Reino Unido durante a Segunda Guerra Mundial. O acesso à ilha apenas é possível por helicóptero ou barco. Outrora chamada de Rough Towers, a base foi uma defesa marítima contra ataques alemães, consistindo em duas grandes torres com capacidade para 200 soldados. Foi desativada assim que a guerra acabou.

     

Roy and Joan Bates, principe e princesa
de Sealand em 1979
                  Desde 1967, a instalação tem sido ocupada pelo então Major britânico Paddy Roy Bates; seus colegas e familiares afirmam que ela é um Estado soberano independente. Comentadores externos geralmente classificam Sealand como uma micronação ao invés de um estado não reconhecido. Embora tenha sido descrita como menor nação do mundo, Sealand atualmente não é reconhecida oficialmente como um estado soberano por nenhuma outra nação soberana. Apesar de Roy Bates afirmar que ela é reconhecida de facto pela Alemanha, por ter recebido um diplomata alemão na micronação, e pelo Reino Unido, após uma corte inglesa decidir que não possui jurisdição sobre Sealand, nenhuma das ações constituem de jure o reconhecimento.

    

           Historicamente, a fortificação pertence ao Reino Unido, mas está localizada fora dos seus domínios territoriais. O governo de Londres já tentou expulsar a família Bates de Sealand, mas não obteve êxito devido a este fator. Também, a plataforma está fora dos domínios territoriais da França, o que faz de sua localização uma “terra de ninguém”.

           Em 1965, Roy Bates, dono de um pequeno barco frigorífico e tido como uma pessoa excêntrica, mudou-se com sua família para a base militar Knock John Tower e a usava para transmitir a programação de sua rádio pirata, que chamou de Radio Essex. Ele estava protegido legalmente pelo fato de a construção não estar dentro das águas territoriais britânicas. Mais tarde, o governo estendeu os limites do país e a base Knock John acabou fazendo parte dos limites do território britânico. A família Bates recebeu ordem de se retirar, mas pouco tempo depois mudou-se para outra base mais distante da costa, denominada Rough Towers. Um ano depois, a Marinha de guerra britânica tentou expulsá-lo do local, mas sem êxito. Um juiz deliberou que Sealand está além do limite de três milhas das águas territoriais do Reino Unido, escapando ao controle do governo londrino.

       

Moedas oficiais de Sealand

Nove anos mais tarde, Roy, que seria o príncipe de Sealand, introduziu no seu país uma constituição, criou uma bandeira, um brasão de armas e decidiu cunhar dólares de ouro e prata. Por fim, começou a conceder passaportes àqueles que demonstraram ter apoiado os interesses de Sealand.

      Invasão

    Em 1978, aproveitando a ausência do chefe de estado Roy Bates, um empresário alemão autoproclamado primeiro-ministro de Sealand encenou uma invasão ao estado, dominando-a rapidamente e mantendo as pessoas que ali estavam de reféns, dentre elas o herdeiro Michael. No entanto, ao saber da situação, Roy conseguiu recuperar a base, resgatando os reféns e expulsando os invasores. Este foi o acontecimento local mais próximo de uma guerra, sobre o qual não se tem muitas informações - nem o próprio site governamental é muito explícito a respeito. O empresário alemão era Alexander Achenbach, que comprara de Roy Bates um passaporte de Sealand. A Alemanha enviou um diplomata a Londres, mas a Grã-Bretanha não tinha poder sobre Sealand e este foi enviado a Sealand para negociar a soltura de todos.

Incêndio

         

          Em junho de 2006 houve um terrível incêndio em Sealand. A base sofreu um devastador incêndio que destruiu muito da administração do país, além do centro de energia. Felizmente, os geradores/sistemas de emergência existentes permitiram o andamento contínuo das atividades, inclusive o governo promoveu vendas de bonés e semelhantes visando a arrecadar fundos para recuperar os estragos, e hoje a plataforma está recuperada.

Hino Nacional

        O Hino Nacional de Sealand, intitulado "E Mare Libertas", foi composto pelo compositor londrino Basil Simonenko e adotado em 2001. É uma peça somente instrumental, sem letra. Em 2005 foi gravado pela Slovak Radio Symphony Orchestra e incluído no volume 7 de sua coleção de CDs de hinos nacionais do mundo.

       

Michael Bates  Príncipe Soberano do
Principado de Sealand
Atualmente é Michael - filho de Roy - que está à frente dos destinos desta ilha. Com 54 anos, substituiu o seu pai em 1999 devido a problemas de saúde daquele, mas não mostra grande apego ao seu reino e agora tenciona vendê-lo. "Temos sido os proprietários durante 40 anos, e meu pai tem já 85. Faz falta a descoberta de um processo de rejuvenescimento", afirmou o herdeiro Michael a um jornal inglês. Sobre o preço que pede, ele assinalou: "Falou-se em valores astronômicos, porém veremos o que nos oferecem. O céu é o limite". O "príncipe", que demonstra desinteresse na ilha, vive a maior parte do tempo em terra firme.

Bienal do Mercosul

          Em setembro de 2011, Michael Bates esteve presente na Bienal do Mercosul, realizada em Porto Alegre, acompanhado de seu filho James. Convidado pelos curadores para falar sobre Sealand e a "Geopoética", tema da exposição, o Príncipe também aproveitou para vender títulos de nobreza de sua nação.

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